Os 174 passageiros do voo da Gol 1866, que partiu de Brasília rumo a Salvador às 17h52, viveram momentos de tensão no início da noite desta terça-feira (30). Enquanto taxiava no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, o avião passou em cima de uma lâmpada na pista de decolagem. Como resultado, a aeronave teria decolado com pneu furado. A repórter Marina Marquez, do R7, era uma das passageiras e descreve os instantes que antecederam a partida.
— Na hora que [o avião] passou sobre a lâmpada, fez um barulhão, o caco da lâmpada furou o pneu. Foi horrível o barulho do avião acelerando com pneu furado para levantar voo. Todo mundo começou a se olhar e a se perguntar: "E para descer?".
As cenas de pânico entre os passageiros foram maiores na hora do pouso, por volta das 19h40, informa Marina Marquez.
— Quando o avião desceu, encostou no chão, o barulho era assustador. O avião não freava e ficava chacoalhando muito. Não conseguia ter aderência na pista, possivelmente por causa do pneu furado. O avião estava correndo muito, você olhava e o avião não parava. No finalzinho da pista, começou a diminuir a velocidade. No que virou para sair da pista, fez um estouro. Foi uma explosão e parou na hora.
Quando o avião parou, os passageiros notaram que aproximadamente uma dezena de viaturas do Corpo de Bombeiros e de ambulâncias estava cercando a aeronave.
— Para ter esse tanto de ambulância, então as pessoas já sabiam que corríamos risco. Nessa hora, o comandante anunciou que o pneu da aeronave tinha furado. Ele disse: "Vamos ficar aqui até chegar socorro, o reboque". Ficamos parados 20 minutos, e chegaram dois ônibus para nos levar ao aeroporto e para pegar a bagagem. Paramos num lugar em que não é comum o avião ficar.
Como o voo seguiria para Aracaju, após a escala em Salvador, quem ia para a capital sergipana teve que ser transferido para outra aeronave. Os bombeiros questionavam cada passageiro sobre seu estado de saúde, mental e emocional.
Ao contrário do que foi relatado por passageiros, a assessoria da Gol informou ao R7 que o avião apresentou suspeita de problemas "após a decolagem". Segundo nota enviada pela companhia aérea, o comandante suspeitou de problemas no pneu principal do avião depois da partida. A administração do aeroporto confirmou a ele o dano no pneu esquerdo.
"Pela avaliação do comandante, todos os parâmetros da aeronave estavam normais, o que possibilitou o prosseguimento do voo em condições seguras", informa a nota da Gol. De acordo com a empresa, pousar com um dos pneus danificados é um procedimento já previsto pelo fabricante.
A Gol acrescenta que "depois de pousar em seu destino final e deixar a pista de pouso em direção ao desembarque, um dos pneus murchou impedindo seu deslocamento".
Investigação
Funcionários da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) que estavam no local do incidente informaram que os passageiros do voo Gol 1866 correram "risco enorme". Eles alertaram as pessoas que desembarcavam sobre o risco de explosão que podia ter acontecido. Também se comprometeram a abrir uma investigação para apurar de quem são as responsabilidades pelo incidente.
A Gol informa que o desembarque de todos os passageiros "transcorreu normalmente" e ressalta que segurança é prioridade para a companhia aérea.
Comentários
Postar um comentário